Na maior série de descobertas sobre o DNA humano desde a realização do projeto genoma humano em
2003, 442 cientistas em laboratórios de três continentes divulgaram nesta quarta-feira (5) um pacote de 30
estudos com descobertas.
As descobertas, representando o que a revista Nature classificou de "guia para o
genoma humano", vão do mais genérico (o que é um gene?) ao prático (que apenas 20 mudanças genéticas
podem estar por trás de 17 tipos de câncer aparentemente não relacionados, dando às empresas um
número real de metas para drogas).
Os estudos vêm de um projeto de US$ 196 milhões chamado
Enciclopédia dos Elementos do DNA (Encode, na sigla em inglês), cujo objetivo é dar sentido à babel
produzida pelo projeto do genoma humano - a sequência das 3,2 bilhões de bases químicas ou "letras" que
formam o genoma humano.
"Nós compreendemos apenas uma pequena porcentagem das letras do
genoma", disse Eric Green, diretor do Instituto Nacional de Pesquisa sobre o Genoma Humano, que pagou
pela maior parte do estudo.
Lista para o Homo Sapiens
O Encode foi lançado em 2003 para desenvolver
uma "lista de peças" completa para o Homo Sapiens ao identificar e apontar a localização de todas as partes
do genoma que fazem algo - "um mapa de referência de todos os elementos funcionais no genoma humano",
disse o geneticista Joseph Ecker, do Instituto Salk para Estudos Biológicos, de La Jolla, na Califórnia.
Os
elementos mais bem conhecidos do genoma são os cerca de 21 mil genes que especificam quais proteínas
são feitas por uma célula. O gene do receptor de dopamina produz receptores de dopamina em células do
cérebro, por exemplo, e o gene da insulina produz insulina no pâncreas.
Cerca de 1% do genoma, no
entanto, codifica proteínas e o desafio é descobrir a função dos outros 99%, que durante anos foram
chamados de "DNA lixo" por não codificar proteínas.
Por Sharon Begley